Freedom, George Michael por George Michael e (belíssima) companhia
Freedom. O documentário de e sobre George Michael - terminado dias antes de morrer, no Natal de 2016 - recorda-nos que para lá do excêntrico destemido e de ego enorme (o próprio documentário feito pelo próprio mostra um pouco isso) houve um compositor, intérprete e artista notável e memorável. Daí que mesmo sendo egocêntrico, o doc é comovente e entusiasmante (ao ponto de voltar a colocar álbuns antigos de George Michael no top das vendas do Reino Unido).
Adorei recordar e perceber o contexto peculiar do belíssimo videoclip de Freedom (realizado por David Fincher - quando ainda era 'apenas' um realizador de videoclips). Um vídeo com voz de George Michael mas sem ele, 'substituído' pelas Top das Top Models da época: Naomi Campbell, Linda Evangelista, Cindy Crawford, Christy Turlington e aquela de que ninguém se lembra do nome.
Conhecia alguns clássicos dos Wham mas com pouco mais de 10 anos não sabia quem era George Michael, até que o ouvi cantar Somebody To Love, no tributo de 1991 a Freddie Mercury. Lembro-me de ficar surpreendido por haver alguém com aquela energia e autenticidade na voz só equiparada ao próprio Freddie.
O documentário pega precisamente nessa interpretação mas leva-nos por tudo aquilo que George atravessava de difícil na sua carreira (luta com a Sony) e a forma como encarava a vida de estrela, as pressões e o amor (por um brasileiro que ficou com SIDA). Mesmo sem ter depoimentos da família, constatamos, recordamos e damos valor ao incrível talento com a ajuda de vozes como Stevie Wonder, Mary J. Blidge, Tony Bennet, Liam Gallagher, Ricky Gervais, James Corden. A frase do self-doc é de Stevie Wonder: “You mean George is white, are you serious, oh my God!”