um caminho chamado casa
Lion. Às vezes o mais importante é respeitar e homenagear o puto que fomos (e, à distância, ainda somos). Ficaria contente se Hollywood deixasse por uns instantes o La La histerismo de lado e surpreendesse todos dando o Óscar a Lion (ou Manchester by the Sea, por razões diferentes). O melhor do filme é, sem dúvida, o puto que faz de Saroo (o incrível Sunny Pawar) e a viagem que ele vive antes (com o irmão a cuidar dele) e depois de se perder da família com apenas 5 anos. Que interpretação notável. O que se segue, com Dev Patel, é um 'segundo filme' de um jovem adulto em busca de respeitar o puto que foi - o mesmo que tentou tudo para voltar a casa, numa parte remota da Índia, depois de ter adormecido num comboio sem ninguém que a certa altura arrancou. É tudo tão óbvio (é uma história real) mas tão emocional e vibrante e com uma realização cuidada e em crescendo. E para o final, só me perguntava... "e o irmão?!" "e o irmão?!" Um filme destes leva-me para tão longe e para tão perto, para o puto que fui e que ainda anda por aqui de vez em quando. E, num dia como hoje, não deixo de olhar para o meu puto e pensar nos putos que por um motivo ou outro, perdem (ou nunca o chegam a ter) o amor de quem lhes deseja bem, de quem se sente ligado (mothers/fathers/brothers/sisters bond) e cuida deles enquanto não aprendem a cuidar de si próprios.